quarta-feira, 31 de outubro de 2012

[The Naked Lunch]: Mitos sobre o Álcool


Antes de começar a escrever este post, gostaria de começar por agradecer aos meus colegas da Unidade de Alcoologia de Lisboa, do instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT). Muito do que hoje sei acerca das diversas intervenções no âmbito dos problemas ligados ao álcool (PLA) deve-se ao que aprendi com os elementos desta equipa, muitos deles com mais de 20 anos de experiência na área.
Um dos primeiros contactos que tive com a área foi no âmbito de desmistificar ideias que muitas vezes são veiculadas no senso comum, e que é importante ter em conta principalmente ao trabalhar-se neste contexto.

Alguns de vocês estarão já a pensar “mas ela não ia falar de toxicodependências? E agora está para aqui a falar de álcool?!”

           O álcool é uma droga (VERDADEIRO). O álcool provoca dependência física e psíquica como qualquer outra droga, como a heroína ou a cocaína. A diferença encontra-se na legalização, sendo o álcool uma droga legal e o seu consumo é socialmente aceite e até mesmo incentivado. Para algumas pessoas é possível um consumo moderado [explicarei as normas de moderação noutro post] não implicando riscos para a saúde.
A Unidade que referi anteriormente criou uma brochura que se encontra disponível on-line no portal da saúde na qual poderão encontrar alguma desta informação.

Um dos mitos, talvez dos mais antigos, associado ao consumo de álcool é que o álcool aquece. Isto não é verdade. Efectivamente quando se bebem bebidas com álcool existe uma sensação de calor que leva à percepção de se estar a ficar mais quente. Contudo, estamos é a perder calor! O álcool faz com que o sangue se desloque do interior do corpo para a superfície, provocando essa sensação de calor. Mas efectivamente estamos a perder calor, porque este movimento do sangue provoca perda de calor interno: o sangue encontra-se a uma temperatura de cerca de 37º e normalmente é superior à temperatura ambiente. Quando o sangue volta a passar pelo coração há necessidade do organismo despender energia no restabelecimento da sua temperatura!

Algo que também se ouvia muito, principalmente nas zonas rurais, era que “o álcool dá força”. Também não é verdade. O álcool tem um efeito estimulante e anestesiante, que disfarça o cansaço provocado pelo trabalho físico ou intelectual intenso, dando a ilusão de voltarem as forças. Mas, depois o cansaço é a dobrar porque o organismo vai gastar ainda mais energias para "queimar" o álcool no fígado e por um esforço acrescido do coração para restabelecimento da sua temperatura! Não nos podemos esquecer que o álcool não é um alimento (verdade!). Contrariamente aos verdadeiros alimentos, ele não ajuda na edificação, construção e reconstrução do organismo. O álcool não tem valor nutritivo porque produz calorias inúteis para os músculos e não serve para o funcionamento das células!

Um outro mito associado ao consumo de álcool é a que ajuda a digestão e abre o apetite. Not true! O álcool faz com que os movimentos do estômago sejam muito mais rápidos do que o normal e os alimentos passam precocemente para o intestino sem estarem devidamente digeridos, dando a sensação de estômago vazio. O seu uso prologado pode resultar na falta de apetite e no aparecimento de gastrites e de úlceras! 

Um outro mito, que me parece que pode prejudicar bastante, e agora penso em particular no grupo dos jovens, é a ideia de que o álcool ajuda a lidar com a timidez e facilita as relações sociais. FALSO! O álcool até pode ter esse efeito desinibidor, e assim haver a sensação de estar mais à vontade. Mas não será isso uma ilusão? Por um lado, nem sempre é possível controlar os consumos nesse ponto, entre o estar “sóbrio” e mais desinibido, e por outro as relações não se tornarão pouco profundas ou até mesmo artificiais?

Aguardo dúvidas, sugestões e comentários! E vejam lá não se metam nos copos! ;)

Ana Nunes da Silva

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Parceria: Cuida


O Psicologia Para Psicólogos apresenta a sua segunda parceira, desta feita com a instituição Cuida.
Para melhor conhecerem a Cuida, visitem o seu sítio, aqui.

 
Psicologia Para Psicólogos

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

[Psicologia e Política]: A RAL e as Pessoas


Para as próximas eleições autárquicas, em Outubro de 2013, a nova lei da Reforma da Administração Local (RAL) entrará em vigor. Neste último ano, desde que se falou da RAL, muito se tem discutido, política e socialmente, sobre o impacto das medidas da dita lei. Muitas são as alterações trazidas pela RAL, mas a mais falada é sem dúvida a diminuição do número de freguesias, agregando algumas, umas às outras, limítrofes.
Importa perceber que as populações, que por obrigação, não têm tanta informação – ou acesso a ela – como quem os governa a nível local, confiam a estes a tarefa de os representarem da melhor forma. O que acontece, neste tema, é que o nível de informação da população continuou o mesmo, mas os governantes locais pediram às suas populações que lutassem com eles, contra a RAL. Razão? Muitas escondidas, sem dúvida. A descoberto está, o que chamam ser, a perda do Sentimento de Pertença destas populações às suas terras.

O Sentimento de Pertença surge nas pessoas devido ao sentimento de confiança atribuído a algo. Este aumenta a auto-estima e a percepção de controlo, o que baixa os níveis de ansiedade das pessoas. A melhor qualidade de vida vem por acréscimo. Tendo em conta as preocupações que nos ocupam o dia-a-dia, é bom poder sentir, quando chegamos a casa, que pertencemos a algo, a um grupo, a uma sociedade.
Por outro lado, quando não existe sentimento de confiança, existe o de instabilidade, que dá percepção de insegurança e não promove a auto-estima ou a percepção de controlo. A ansiedade aumenta e com ela os receios e limites de uma vivência demasiado ponderada pela instabilidade.
O que se estão a esquecer é que este sentimento de segurança não provém, como se quer passar, de a nossa terra se continuar a chamar em termos administrativos – a título de exemplo – Alvalade. Passa sim, por as pessoas serem as mesmas, por partilharem os mesmos interesses e por conseguirem qualidade de vida ao lutarem por objectivos comuns. A terra não deixa de ser a que é por mudar o nome – acrescento aqui, mais uma vez, que a mudança é apenas administrativa - e não deixa de existir há 900 anos, como se quer passar. Se o sentimento de pertença existir, não mudará por leis administrativas que não alteram o dia-a-dia local das pessoas. O que era longe, assim irá continuar. O que estava perto, lá estará.
Na zona da Baixa de Lisboa, 12 freguesias vão ser agregadas. Acham que a sua população deixar de ser “bairristas”? Deixar de mostrar orgulho pela sua terra e de o manifestar? A emoção à terra que era grande, ficará enorme. Porquê? Porque a força das pessoas, o seu sentido de colectividade, aumenta quando fases percebidas como adversas são passadas. São criados novos objectivos colectivos e a qualidade de vida aumentará. Com ela, e no sentido do explicado, aumentará a auto-estima e a percepção de controlo, essenciais à qualidade de vida. Pegando no exemplo, quem vive em Alvalade, irá a continuar a ser de lá e, Alvalade será sempre Alvalade.
A pensar, também, é o facto de certos governantes locais promoverem o sentimento de pertença praticando o sentimento de insegurança, ao informarem de forma errada quem luta sinceramente pela sua terra, sem perceber que não está a lutar por si.


Tiago A. G. Fonseca

domingo, 28 de outubro de 2012

Parceria: Oficina de Psicologia


O Psicologia Para Psicólogos estabeleceu aquela que é a sua primeira parceria oficial e, desta feita, com a Oficina de Psicologia.
Para melhor conhecerem a Oficina de Psicologia, visitem o seu sítio, aqui.

 

Psicologia Para Psicólogos

[Temporário]: Apresentação!


Nesta rubrica, o “Temporário”, pretende-se explorar o trabalho temporário como uma alternativa ao vínculo permanente, bem como as suas vantagens e a forma como é percepcionado pelas pessoas.
A rubrica abrange também uma perspectiva pessoal sobre as minhas vivências enquanto psicóloga organizacional numa empresa de trabalho temporário, pretendendo assim abordar este tema sobre uma vertente teórica e pessoal.

Mafalda Espada

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Resumo do primeiro mês de actividade!

Hoje o Psicologia Para Psicólogos faz 1 mês de actividade neste novo formato!

Contam-se neste primeiro mês (dados obtidos hoje às 9 horas):
- 19 publicações;
- 2309 visitas no blog;
- Uma média de 50 visualizações de publicação por página no blog;
- 396 "likes" no facebook;
- Uma média de 200 visualizações de publicação no facebook;
- 5 autores activos;
- 5 rubricas activas;
- 3 parcerias em negociação;

E mais novidades estão para vir!

Como havia sido dito, o Psicologia Para Psicólogos visa agora ser mais abrangente, querendo alcançar um público mais geral, mas sem perder a sua base: a Psicologia!

Obrigado a todos pelo apoio e participação!

Psicologia Para Psicólogos

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Evolução das Teorias sobre Necessidades Psicológicas

Na última publicação sobre Necessidades Psicológicas, foi explicada o que são e como são importantes para o Ser Humano. É importante, antes de avançar no tema, que se perceba como evoluiu, ao longo do tempo, o pensamento teórico sobre as Necessidades Psicológicas.

Em 1943, Maslow formula a Teoria da Personalidade, teoria esta central para o desenvolvimento de várias outras teorias sobre as necessidades humanas básicas. O autor configurou cinco categorias de necessidades, e distribuiu-as em pirâmide, referindo-se a uma hierarquia de satisfação das mesmas. São elas Saúde Física, Segurança, Auto-estima, Amor/Pertença, e Auto-actualização.
Meio século depois, Deci e Ryan (2000) postulam a Teoria da Auto-Determinação, onde conceptualizam três necessidades psicológicas que se relacionam como num triângulo invertido, onde os três vértices, representando as três necessidades básicas, se relacionam entre si. Estas necessidades psicológicas são a Autonomia, a Competência e o Relacionamento. A regulação da satisfação destas necessidades permite alcançar o bem-estar.
Mas a evolução em torno das Necessidades Psicológicas não terminou aqui, e em 2008, Blatt conceptualiza as necessidades psicológicas como complementares e sinérgicas, em vez de opostas ou incompatíveis, como dantes se pensava. Isto é, as necessidades passam a ser vistas como dialécticas.
Esta evolução é demonstrada na imagem seguinte, retirada de Fonseca, Vasco, Calinas, Guerreiro e Rucha (2012).

Tiago A. G. Fonseca


Referências:
  • Blatt, S. (2008). Polarities of Experiences: Relatedness and Self-definition in Personality Development, Psychopathology and the Therapeutic Process. Washington, DC: American Psychological Association.
  • Deci, E. L. & Ryan, R. M. (2000). The “What” and “Why” of Goal Pursuits: Human Needs and the Self-Determination of Behavior. Psychological Inquiry, 11 (4) 227-268.
  • Fonseca, T., Vasco, A. B., Calinas, L., Guerreiro, D., & Rucha, S. (20 de Abril de 2012). Necessidade Psicológica de Controlo/Cedência: Relação com Bem-Estar e Distress Psicológicos. Comunicação apresentada no I Congresso Nacional da Ordem dos Psicólogos Portugueses – Afirmar os Psicólogos – Lisboa.
  • Maslow, A. H. (1943). A Theory of Human Motivation. Psychological Review, 50, 370-396.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

[The Naked Lunch]: Apresentação!

Olá a todos!

O meu nome é Ana, sou psicóloga clínica e vou estar encarregue da rúbrica “The Naked Lunch”. Como podem antecipar pelo nome, esta rubrica estará relacionada com as toxicodependências, mas não só. Este nome é inspirado na obra escrita por William S. Burroughs em 1959, narrada por um junkie, e ao que parece o escritor estava em ácidos ao escrevê-la…

Tendo trabalhado na área da saúde mental desde 2006, os últimos anos foram dedicados principalmente à intervenção nos problemas ligados ao álcool. Encontro-me atualmente a realizar um doutoramento na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa sobre Alexitimia, Processamento Emocional e Psicoterapia.

Mitos e crenças associadas ao álcool e outras drogas, intervenção, prevenção e políticas associadas, serão alguns dos temas que iremos abordar. Espero poder contar com os vossos comentários, perguntas e sugestões!

Ana Nunes da Silva

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

[Envelhecer]: Envelhecer...


Reflectindo sobre o que significa envelhecer deparamo-nos com um dos tabus da sociedade: a morte.
Não se expõe, não se fala abertamente e nem é socialmente aceite grandes manifestações de pesar aos que sofrem com a perda de um ente querido. Talvez porque a velhice é a etapa de desenvolvimento mais próxima do fim natural da vida, sendo o medo da morte contagiante, torna-a no “bicho papão” inevitável.

Envelhecer é comum a todos os que vivemos, desde a nossa concepção. O tempo a passar é uma constante. Na nossa vida, regida por relógios, há uma consciência comum de que o tempo passa, que estamos “atrasados” e “sem tempo”, o que aumenta a pressão sobre a idade. Surge a tentativa de fuga ao envelhecer, negando os aniversários que passam, mentindo sobre a idade, omitindo as marcas do tempo no nosso corpo. Para quê?
            Porque ser velho não é moda. É feio numa sociedade focada na beleza jovem, na eficácia e eficiência aliada à velocidade, desvalorizando tanto a temperança, como a sabedoria e a experiência.

Tenho a sorte de pertencer a uma classe profissional que enaltece e valoriza a experiência e a sabedoria, mas nem todas o fazem, correndo o risco de desperdiçar recursos incalculáveis, só porque esta pessoa “expirou o prazo de validade” para a sociedade e tem de se reformar.
Penso que quem souber cuidar e prezar os seus Velhos terá sempre mais recursos disponíveis para atingir a excelência no que quer que faça.

Há ainda outros factores envolvidos nesta aversão ao envelhecer. Os meios de comunicação e o marketing propagam uma imagem de beleza jovem e fresca. Quase todos os atributos característicos da velhice tornaram-se obscenos e “a eliminar”.

            Como sublinhava Eunice Muñoz, numa entrevista televisiva recentemente, “Envelhecer é obsceno, as rugas são obscenas” mas apesar disso ela orgulha-se delas e não as esconde.
Que sentido faz este comportamento numa sociedade que quer “eliminar/esconder as rugas”? São “marcas do tempo”, dizia esta grande Senhora, são marcas de tudo o que viveu. Então, porque esconder que já se viveu tanto, que há tantas recordações por celebrar?

Ana Carla Nunes

[Envelhecer]: Apresentação!

Envelhecer…

A escolha do tema desta rubrica prende-se a uma curiosidade que tenho há já algum tempo. É daquelas coisas que nos intrigam, por ser um tema que incomoda muita gente e que ao mesmo tempo foi tão estudado e está ainda tão por estudar.

A minha experiência com idosos em várias actividades de voluntariado e no meu estágio académico consolidou alguns conhecimentos e aumentou ainda mais a minha vontade de explorar o Envelhecimento e a Velhice.

Para esta aventura de explorar a etapa da vida conto com as opiniões e reflexões dos leitores atentos do "Psicologia para Psicólogos".


 Ana Carla Nunes

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Nova Autora e Nova Rubrica!

Chega ao Psicologia Para Psicólogos mais uma autora:

Ana Carla Nunes, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde de Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e Integrativa, pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. É actualmente Psicóloga Estagiária no Serviço de Atendimento à Comunidade da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
 
A sua rubrica, "Envelhecer", estreia já esta semana. Fiquem atentos!
 
Psicologia Para Psicólogos

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

[Psicologia e Política]: Modelos Gerais? Não, Obrigado!


Numa notícia avançada pela imprensa no dia 10 de Outubro de 2012, pode ler-se que o “FMI reconhece que calculou mal o impacto da austeridade na economia”.

Esta notícia é um espelho do que se faz em termos europeus no que diz respeito a modelos de intervenção económica, onde se espera que o Governo de cada país faça a sua adaptação. PsicoTraduzindo:

Os modelos Cognitivo-Comportamentais são tidos, pela maioria dos psicólogos e investigadores em geral, como a forma de intervenção com melhores resultados, numa mais vasta linha de psicopatologias, perturbações e síndromas.

Mesmo assim, a este tipo de intervenção é apontado uma limitação: o uso de modelos estanques. Isto significa que existe um modelo para cada psicopatologia, e o mesmo se usa na presença da mesma no paciente. Mas não se está a ter em conta uma série incalculável de variáveis do paciente, como a sua história de vida, a história da queixa, as suas necessidades e a regulação destas, etc etc, ou seja, o que faz do paciente o que ele é.

Tendo isto em conta, a psicoterapia evoluiu no sentido Integrativo, onde os modelos não existem, e o psicoterapeuta deve criar, para cada paciente, um modelo próprio, tendo em conta todas as características deste e da intervenção em causa. Só assim podemos realizar uma intervenção adequado ao caso, tão específico de cada um.

Aqui, tal como no processo de intervenção europeu, o modelo a ter em conta não pode ser geral, mas sim adaptado, tendo em conta as características de quem é intervencionado, as suas condições e idiossincrasias.

Só assim, o resultado será positivo, agora e a longo prazo.

Tiago A. G. Fonseca

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

[ConsultoriaRH]: Psicologia e Consultoria RH, qual a ligação?


A ligação entre a Psicologia e a Consultoria de RH poderá, à primeira vista, não ser clara para todos, pelo que se torna pertinente responder à questão: Psicologia e Consultoria, qual a ligação?
Da curta experiência que adquiri até ao momento, acredito que a missão primária de uma empresa de consultoria de RH é de estabelecer uma parceria (mais ou menos simbiótica), com cada um dos seus clientes, tendo subjacente o compromisso de o apoiar na concretização dos resultados desejados para a sua organização.
Se pensarmos nos mais diferentes eixos que podem influenciar a capacidade de uma empresa ter sucesso, a consultoria de recursos humanos centra-se num eixo especificamente constituído por todos nós, as pessoas. E é aqui que entra a psicologia, obviamente não na perspectiva mais tradicional, mas na perspectiva em que os recursos humanos, dentro das organizações, surgem como uma vantagem singular ao nível da competitividade, recurso este por vezes tão escasso quanto subvalorizado.
Deste modo, se todos concordarmos que a psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano, torna-se claro perceber que é esse o vínculo que liga a psicologia às organizações – O seu comportamento.
Sempre que penso neste assunto dou por mim a viajar mentalmente até aos tempos de faculdade nos quais todos acusamos esta constante frustração: Para que é que me vai servir esta cadeira?
Se viajar no tempo fosse possível teria poupado algumas questões existenciais, porque agora vejo que muitas das aprendizagens, tiveram como principal objectivo construir e desenvolver a nossa maneira de pensar, de raciocinar, de abordar problemas e propor soluções.
No meu dia-a-dia, de forma mais ou menos explícita, recorro não só a esta forma de pensar, mas também a conhecimentos mais específicos que vão além dos adquiridos nos últimos anos de formação no núcleo de Psicologia dos Recursos do Trabalho e das Organizações. Em consultoria de RH, estão presentes questões associadas não só à observação, mas à consequente análise e avaliação, tanto de situações como efectivamente de pessoas, tendo como unidade base o seu comportamento.

Assim, independentemente de falarmos em recrutamento & selecção, estudos de cultura e clima organizacional, diagnósticos organizacionais, formação, coaching, mentoring, gestão da mudança, entre outros, estão sempre subjacentes as Pessoas e a Psicologia.

Inês Lemos

[ConsultoriaRH]: Apresentação!

Olá a todos!
 
Apesar de ter ainda uma curta experiência na área da Consultoria de Recursos Humanos, decidi participar neste blog não só por valorizar a minha formação base em Psicologia, mas também por achar importante integrar um projecto que procura explorar as diferentes áreas de intervenção da Psicologia.
Da minha parte focar-me-ei em falar daquilo que sei, daquilo que faço, ainda assim estou igualmente entusiasmada por conhecer as diferentes ideias e opiniões que serão partilhadas neste espaço pelos meus colegas.  
 
Obrigada!
Inês Lemos

terça-feira, 9 de outubro de 2012

[Criminal-Forense]: Registo de Ofensores Sexuais de Menores

Registo de Ofensores Sexuais de Menores: Benéfico ou Prejudicial?

    Todos nós já ouvimos falar da Megan’s Law na Califórnia em que são fornecidas ao público a identidade, foto, morada, o crime e condenação do ofensor para que as comunidades locais possam proteger-se.
    Pode-se aceder a estas informações através da internet ou por um número telefónico, sendo que as diferentes categorias de ofensores obtêm diferentes modos de exposição (se a ofensa não for assim tão grave, pode não aparecer na internet e estar apenas disponível na esquadra). São obrigatórios os registos na esquadra local, no campus universitário, aplicando-se também a jovens ofensores sexuais. As pessoas cujas ofensas não se encontram disponíveis ao público podem obter um “certificado de reabilitação” sete a dez anos depois da libertação ou da liberdade condicional, enquanto que os outros ofensores apenas se podem deixar de registar se obterem um perdão do governador.
    Até ao final de 2013 em Portugal, está prevista uma diretiva que informa a vizinhança da presença de ofensores sexuais de menores, incluindo escolas e polícia. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, pretende divulgar de forma “restrita e controlada” o mesmo tipo de informações acerca do ofensor como se sucede na Megan’s Law, dependendo da “perigosidade” de cada caso (nos mais graves, é incluída a vizinhança), sendo decidido pelo sistema judicial.
     Está também previsto que quem recebe a informação é obrigado ao dever de sigilo, protegendo desta forma os ofensores… Sim, porque este tipo de informação num bairro está mesmo destinado a ser controlado. Além disso, informações como a morada, são meio caminho andado para o surgimento de agressões contra a pessoa em questão.
    Quando li que se prevê existir uma referenciação de “pedófilos” (nem todos os ofensores sexuais de menores são pedófilos, logo penso que não estará apenas restrito aos pedófilos, a não ser que exista uma verificação prévia da parafilia) através da colocação de um chip, pensei sinceramente que seria um chip metafórico… Mas não, aparentemente a nossa ministra considera vantajosa a colocação de dispositivos eletrónicos de localização – como se os ofensores sexuais não pudessem ofender a partir da própria casa.

    A questão acaba por ser a violação dos próprios direitos dos ofensores – sim, eles têm direitos – em troca da prevenção de crimes: estaremos a fazer mais mal que bem? Será que rotulá-los de eternos “pedófilos” não irá por acabar com qualquer hipótese de reabilitação? Porque haverão estes de investir assim na sua própria mudança? Ao contrário da taxa de reincidência de 90 a 98% de abusos sexuais a menores, afirmada pela ministra, estudos portugueses demonstram que a taxa de reincidência de pedofilia a vítimas masculinas é de 19,7%, a vítimas femininas de 15,6% e incesto 4%, sendo que a reincidência geral de ofensas sexuais é cerca de 10/15%, quando cumprido o programa de tratamento. O problema com os programas de tratamento é que não é obrigatório, sendo que inúmeros ofensores nunca se submetem ou desistem. Será que antes de considerarmos um registo público de ofensores, que vai para além da consulta de informação por agentes policiais, não seria melhor revermos a obrigatoriedade deste tipo de programas de reabilitação?
    
    Uma das questões colocadas acerca da Megan’s Law tratava-se da protecção e medo excessivos por parte dos pais que poderia fazer com que as crianças se sentissem inseguras e impotentes em relação aos perigos da vida em geral. Para este tipo de situação, é aconselhado manter o senso comum… Agora, deixo ao vosso critério.
Ana Lopes

[Criminal-Forense]: Apresentação

Olá!

Quero partilhar com vocês rubricas dedicadas a estas tão famosas áreas da Psicologia - a Forense e Criminal -, que no entanto ainda têm tanto por desenvolver. Sou apenas uma estudante da área, e com base no que leio e aprendo, no que se passa na actualidade e no que vos interessa saber com mais profundidade, apresento estas leituras (que espero virem a ser interessantes e/ou informativas).
Também espero que transmitam as vossas opiniões!

Obrigada a todos,
Ana Lopes

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Novidades e Nova Autora!

O Psicologia Para Psicólogos está em constante evolução!

Esta semana estreiam duas novas rubricas pelas mãos da Inês Lemos e da Ana Lopes.

Até lá, fica mais uma novidade, desta feita, uma nova autora para o nosso blog.

Mafalda Espada, Mestrada em Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações, pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Actualmente exerce funções de consultoria de recursos humanos numa empresa de trabalho temporário.

Obrigado a todos!

Psicologia Para Psicólogos

sábado, 6 de outubro de 2012

O que são Necessidades Psicológicas?



Na primeira metade do século XX, Freud e Maslow conceptualizaram as suas teorias sobre necessidades fundamentais e universais do Homem. Desde então, muito a psicologia evoluiu.

E actualmente? O que são Necessidades Psicológicas? Que importância tem para o ser Humano?

Com a evolução da psicologia, principalmente na sua vertente integrativa, o conceito de Necessidades Psicológicas foi-se desenvolvendo e várias teorias foram actualizadas de forma a integrar, nas suas bases, o conceito de satisfação das necessidades psicológicas.

Conceição e Vasco (2005) referem-se às necessidades psicológicas como componentes psicológicos essenciais e universais, constituindo os nutrientes da vida psíquica. Podemos ter acesso às mesmas através de sentimentos, desejos e acções, bem como através da sua influência nos processos de percepção, memória e pensamento, quer num contexto intrapsíquico, quer num contexto interpessoal (Conceição & Vasco, 2005).

Assim, as necessidades psicológicas possuem uma participação primordial no funcionamento adaptativo dos seres humanos (Vasco & Vaz-Velho, 2010), sendo responsáveis pela construção do bem-estar psicológico aquando da adequada regulação da sua satisfação (Vasco & Vaz-Velho, 2010; Vasco, Faria, Vaz & Conceição, 2010). Conceição e Vasco (2005) acrescentam que as necessidades psicológicas são uma resposta criativa do Self ao meio, cabendo a este a função de as reconhecer e regular.

Na generalidade das teorias sobre necessidades psicológicas pode ser encontrada uma associação positiva entre a regulação da satisfação das necessidades psicológicas e o bem-estar e saúde mental, enquanto a frustração dessa satisfação está associada ao distress e à psicopatologia (Fonseca & Vasco, 2011).

Tiago A. G. Fonseca

Referências:

  • Conceição, N., & Vasco, A. B. (2005). Olhar para as Necessidades do Self como um Boi para um Palácio: Perplexidades e Fascínio. Psychologica, 40, 55-79.
  • Fonseca, T. A. G. & Vasco, A. B. (2011). Necessidade psicológica de controlo/cedência: relação com bem-estar e distress psicológicos (Dissertação de Mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa.
  • Vasco, A. B., & Vaz-Velho, C. (2010). The Integrative Essence of Seven Dialectical Needs Polarities. Comunicação apresentada na 26ª Conferência da Society for the Exploration of Psychotherapy Integration – One or many sciences for Psychotherapy Integration: What Constitutes Evidence? – Florence, Italy.
  • Vasco, A. B., Faria, J., Vaz, F. M., & Conceição, N. (2010). Adaptation, Disorder and the Therapeutic Process: Needs or Emotional Dysregulation? Comunicação apresentada na 26ª Conferência da Society for the Exploration of Psychotherapy Integration – One or many sciences for Psychotherapy Integration: What Constitutes Evidence? – Florence, Italy.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Façam as Vossas Questões

No sentido de dinamizar o Psicologia Para Psicólogos, gostaríamos a vos propor algo: Façam as vossas questões!

Enviem-nos um email para PsicologiaParaPsicologos@gmail.com e questionem temáticas em psicologia que gostariam de ver respondidas ou peçam associações entre a psicologia e situações do vosso dia-a-dia ou apenas o que sempre quiseram saber explicar.

Teremos todo o gosto em responder!

As publicações irão continuar e contamos também com os vossos comentários!

Obrigado a todos!

Psicologia Para Psicólogos!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Psicologia Para Psicólogos no blog Tertúlias à Lareira

Margarida Rodrigues, administradora do blog Tertúlias à Lareira, seleccionou o Psicologia Para Psicólogos para o seu "Cantinho da Semana" - uma apresentação dos blog's que, segundo a Margarida, a inspiram!



Um muito obrigado pela preferência e pelo apoio! O "selinho" está na barra lateral do blog como lembrança da preferência! Não podia deixar de aconselhar, para quem gosta de blog's literários, a leitura e acompanhamento do Tertúlias à Lareira!


Psicologia Para Psicólogos!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

[Psicologia e Política]: Ter ou Ser?

No meu primeiro ano de faculdade foi pedido à turma que lesse um de entre dois clássicos da psicologia: “Ter ou Ser” ou “A Arte de Amar”, ambos de Erich Fromm. Dessa leitura, teríamos de realizar um trabalho para mostrar a todos, com exemplos do dia-a-dia, a teoria da nossa leitura posta em prática. O meu grupo ficou com o “Ter ou Ser”. O primeiro exemplo que nos lembrámos, quase em uníssono, foi o da época de Natal, colocando em diferentes lados o Ter, com a sua vertente material das prendas, e por outro o Ser, com todo o significado que a época carrega.

E se o nosso exemplo fosse a política? Não seria fácil também aqui definir o que seria Ter do que seria Ser? Penso que sim, mas haveria um problema: existe sempre, em política, uma imiscuidade dos conceitos, e o Ter ou Ser seriam interpretados de forma diferente na sua teoria.

Assim, esta publicação foca tipos de pessoas: 1) as que São; 2) as que Têm; 3) as que São o que Têm e; 4) as que Têm o que São. Porquê? Porque as pessoas são a base da política.

Os dois primeiros representam pessoas incompletas, não adaptativas mas funcionais. Fará falta Ter quando apenas Somos, e faz muita falta Ser a quem apenas Tem. Tudo vai funcionando mas pouco se consegue adaptar.
O terceiro tipo é muito perigoso. Ser o que se Tem implica não Ser sem Ter, e aqui, o que define quem Somos é o que Temos. Penso que seja este o tipo predominante de pessoas que existem hoje em dia.
Por fim, o quarto tipo representa a pessoa na sua essência mais pura. Alguém que sabe Ser, não pelo que Tem, mas pelo que É, Tendo o que É. E esta quarta pode Ter que não a afectará, enquanto Tiver, essencialmente, o que É. De realçar que esta pessoa Terá e Tem, mas não deixa de Ser o que É por isso. Deste tipo, fazem falta.

Numa altura em que Temos mais do que achamos e que, para nosso bem, também Somos mais do que Temos ideia, há que Ser mais no Ter menos. É assim que todos somos melhores, para nós e para os outros.

Tiago A. G. Fonseca

[Psicologia e Política]: Apresentação!

Bons dias.

Hoje, por volta das 20 horas, é publicado o primeiro texto no Psicologia Para Psicólogos, texto esse a meu cargo e com o tema "Ter ou Ser?", referente à rubrica "Psicologia e Política".

Por mais estranho que pareça, esta rubrica não visa falar apenas de política. Visa falar das suas pessoas, dos cidadãos com as mais diversas funções em política: trabalhadores e patrões, votantes e não votantes, políticos e não políticos, ou seja, todos os cidadãos que suportam e são a política. Claro está, a sua percepção dos acontecimentos.

Como não podia deixar de ser, são textos de opinião, pelo que conto com os comentários de todos para que as ideias se desenvolvam!

Cumprimentos e obrigado a todos!

Tiago A. G. Fonseca