quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Da Psicologia: O Ser Bipolar


Todas as profissões têm vocabulário próprio. Este tende a ser utilizado na teoria e depois, adaptado à prática. A Psicologia não foge a isso. Mas aqui surge outro fenómeno: as palavras com um sentido em Psicologia e com outro no senso comum.
Problemas? Nas duas dimensões em separado, nenhum. Quando se dá a junção de ambas, isto é, em contexto psicológico (clínico, organizacional, etc), surgem as dificuldades de adaptação da linguagem, de percepção de significados e, de desconstrução dos esquemas elaborados devido a essas palavras.
Como irei ver isto? Pela comparação das definições encontradas no senso comum (por entrevista directa), contrapondo-as ao conhecimento Psicológico. Assim, surge mais um grupo de publicações a que chamarei "Da Psicologia".

A primeira desta série é o ser Bipolar.

Para o senso comum, encontrei que ser Bipolar é “mudar de estado de espírito muito rápido”, “ter variações de humor diariamente”, “fazer escolhas diferentes todos os dias, para as mesmas coisas” e ainda, “ser incoerente nas suas atitudes”.
A bipolaridade é assim vista, para o senso comum, como um eixo do humor individual, onde cada um desliza ao longo do dia, fazendo variar o seu humor e daí, os seus comportamentos. Mas não.

Afinal, o que é ser Bipolar? Segundo o DSM-IV (APA, 1994), a Perturbação Bipolar divide-se em 4 outras perturbações, sendo as duas principais a Bipolaridade Tipo I e a Bipolaridade Tipo II:
ᴪ “Perturbação Bipolar I é caracterizada por um ou mais episódios Maníacos ou Mistos, normalmente acompanhados de episódios de Depressão Major”.
ᴪ “Perturbação Bipolar II é caracterizada por um ou mais episódios de Depressão Major, acompanhados de pelo menos um episódio Hipomaníaco”.

Percebendo pelo vocabulário Psicológico/Psiquiátrico a complexidade da Perturbação Bipolar, podemos confirmar que ser Bipolar é mais do que uma “simples” alteração de humor, onde a variância ocorre entre estados de Perturbação Severa, Depressiva Major ou Maníaca/Hipomaníaca, numa perda de clara funcionalidade pessoal.

De forma humorística, a imagem a baixo mostra o que é tido como Bipolaridade, para o senso comum.
 

Tiago A. G. Fonseca

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