sexta-feira, 29 de março de 2013

[Mudança]: Projecto PROCESSO(s)

Projecto PROCESSO(s) - Ser a Pessoa dos seus Talentos

            Falo-vos do Projecto PROCESSO(s). Nasceu de catarses entre Psicologia e Arte e, sem conceito que lhe fosse foz, propôs-se redesenhar o verbo criar a partir de uma linha temporal contínua, ancorando-se em vários nichos sociais. Surgiu como um projecto emergente, contínuo e gregário, com uma forte vertente humana e com o grande objectivo de mover massas num processo de criação sem limites sociais ou temporais. O objectivo core é dinamizar a sociedade, através de projectos artísticos que devem partir do aproveitamento dos seus recursos. Assim, podem ser expandidos vários caminhos artísticos, tendo como base a crença de que todos podem gerar arte e de que esta pode acrescentar caminho à sociedade.
            Qualquer leitor pode questionar-se relativamente à utilização da arte como catalisador do desenvolvimento supramencionado.

            Os nossos olhos vêem que arte deve ser uma forma de valorizar cada elemento pertencente a um grupo como "pessoa dos seus talentos", de promover o pensamento divergente, a exploração de alternativas e assim, os processos criativos, tendo como destino o desenvolvimento humano e social. A aprendizagem da utilização dos recursos já existentes permite a economia de recursos humanos e materiais e assim, cada vez mais, o desenvolvimento "reciclado". 

            Numa altura em que a sociedade já nada espera de si, em que os recursos parecem inexistentes e quando se espera que a solução seja extrínseca, o PROCESSO(s) ambiciona reverter as crenças para um controlo interno nos desafios que surgem. Assim, o trabalho artístico, nas várias áreas, prevê-se como catalisador de mudança e de evolução cognitiva, emocional e social.
            A ideia que se coloca como base do projecto é a de que a arte não representa um hiato, um local, um molde. Vive de co-construções contínuas entre Pessoas e deve integrar o seu quotidiano, sendo envolvida nas suas tarefas, hábitos e desafios. Aqui, não se pretende que o PROCESSO(s) seja um museu ou um centro de arte. Pretende-se que seja uma ferramenta, um catalisador de desenvolvimento comunitário, que estará em constante deslocação, interacção e evolução. Em verbalizações práticas, o nome surgiu de um insight que prevê arte a partir do processo individual que nos nutre, mas também dos processos entre os vários singulares. O Projecto PROCESSO(s) pretende assim iluminar talentos, através da promoção do auto-conhecimento e maximização de competências.

            Numa visão mundial, muitos países adquirem muito do seu capital através da arte (temos o exemplo da China que foi o líder mundial do mercado da arte em 2011, segundo o Jornal Público), tendo muitas categorias laborais neste mercado; Portugal ainda não dedica recursos suficientes ao desenvolvimento de ferramentas que lhe gerem este valor. O objectivo é conceber vontade, oportunidade e valor a este mercado, na medida em que todos podem ser arte e a arte pode ter várias figuras. Mais ainda, mostrar que arte pode ser de/para todos e não apenas de uma elite. Neste sentido, aumentando o campo de acção em vários contextos, pretende mostrar-se que o que pode ser arte numa Instituição Social, pode sê-lo de forma diferente numa Faculdade de Psicologia, numa Empresa de Publicidade ou numa Livraria. O PROCESSO(s) pretende assim não cingir o conceito, mas expandi-lo, aumentando a probabilidade de criação e de sucesso. Aqui não há populações prováveis ou mais talentosas a priori.

            Mergulhando no contexto social, actualmente com maior interacção com o PROCESSO(s), tendem a ser gastos muitos recursos em apoios pontuais, que acabam por ser interrompidos e/ou coagidos. Se for realizado um trabalho contínuo e aprofundado, valorizando o papel social activo dos elementos que dão vida a estes sistemas, não se corre tanto o risco de perder o processo de desenvolvimento. A arte parece constituir uma das mais valiosas ferramentas para o desenvolvimento pessoal e, assim, frutífero para qualquer população. Além disso, não raras vezes, a fonte de reorganização é implementada a partir do exterior e nem sempre pensada como passível de ser auto-gerada. Desenhando um exemplo prático: uma instituição pode desenvolver um projecto artístico e assim o valor será individual e desenvolvimentista, mas também social e por conseguinte podemos tracejar um avanço económico. Considerando-os como vectores.
            O facto de ser um projecto social conjunto entre várias pessoas e equipas também educa para a gregariedade, onde cada um deve sentir-se parte integrante do projecto, aumentando assim o sentimento de identidade e pertença. Esta dança avança na visibilidade de trabalhos que a maior parte das vezes não passam as portas de um "pequeno mundo".
Desta forma pretende-se também, num degrau menos niilista, aumentar o rendimento destes locais, que muitas vezes, não tendo o apoio financeiro necessário, acabam por fechar, deixando pelo caminho muitos selves em desenvolvimento.

            Este projecto não quer ser um momento estanque, temporal; não é um momento que privilegia uma classe, uma elite; não é um museu, nem uma exposição. É um trabalho de co-construção da obra- que é plural -, entre pessoas e entre as suas várias formas de Ser-Pessoa e terá uma continuidade conceptual. Mais do que tudo, que arte possa ser mote de evolução de um país e de uma sociedade, tanto a nível humano como económico.

Não deixemos de pensar que uma sociedade desenvolvida é a sua própria cura.

            Ana Rita Caldeira da Silva

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