terça-feira, 7 de maio de 2013

[Criminal-Forense]: Adolf Hitler: Perfil Criminal


O profiling é um processo de utilização de evidências comportamentais deixadas no local de crime para inferir caraterísticas acerca do ofensor, incluindo personalidade e psicopatologia. Os primeiros perfis criados utilizavam juízo clínico e teorias vigentes da época, como a psicoanálise (Torres, Boccaccini & Miller, 2006).
Um dos perfis mais conhecidos é o de Hitler: em 1943, foi feito um perfil criminal pelo Dr. Henry A. Murray da Universidade de Harvard com o objetivo de auxiliar os aliados na sua estratégia, sendo que também outro relatório foi elaborado pelo Dr. Walter Langer. Basearam-se nos discursos e textos escritos por Hitler, pessoas próximas, relatos de eventos e filmes, registos escolares, militares e outras fontes.
Primeiramente existe uma descrição da vida de Hitler, afirmando-se que os dois lados da família não possuiriam habilitações, sendo camponeses com casamentos intrafamiliares. O pai de Hitler era filho bastardo, não existindo menção ao pai nem aos avós paternos: o nome provinha da sua sogra, um nome judeu bastante comum. O seu pai seria particularmente agressivo com Adolf, traduzindo-se num indivíduo muito submisso à autoridade mas com muita revolta. Aos seus 19 anos, a mãe morreu de cancro e vai para Viena, sabendo-se que o mesmo possuía um grande afeto pela mesma.
Verificou-se depois uma distinção na vida pessoal e na vida política. Num contexto mais íntimo, era descrito como esquisito, tímido e incapaz de se decidir, sendo que simultaneamente possuía violentas mudanças de humor e agressividade, contrapondo-se à ideia de grandeza que transmitia ao público e à missão divina sentida pelo mesmo. Pode-se relacionar também com a clivagem relativamente aos pais: a mãe representaria tudo o que seria bom e o pai tudo o que seria mau. Segundo esta interpretação, a sua divisão de personalidade dever-se-ia à identificação com a sua mãe, que amava profundamente, e com o seu pai, o qual receava e odiava. Esta identificação contraditória seria projetada num mundo em que a Alemanha viria a representar a sua mãe, e os judeus o seu pai, pretendendo assim salvar a sua mãe da infeção proveniente do pai (existindo suspeitas que o seu pai teria ascendência judia). Foi também sugerido que a agressão que Hitler estava a direcionar para a população, iria numa última instância canalizá-la para si e suicidar-se.

Ana Lopes


Referências:

Murray, A. (1943). Analysis of the personality of Adolf Hitler: With predictions of his future behavior and suggestions for dealing with him now and after Germany’s surrender. Harvard Psychological Clinic.
Torres, A., Boccaccini, M. & Miller, H. (2006). Perceptions of the validity and utility of criminal profiling among forensic psychologists and psychiatrists. Professional Psychology: Research and Practice, 37 (1), 51-58. Doi: 10.1037/0735-7028.37.1.51

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