sábado, 8 de junho de 2013

[Mudança]: Bandura em Hierarquia


Pedagogia Aplicada ao Desenvolvimento Social

Fala-se em pedagogia: a que vive nas correntes, no design, nas políticas da educação, nos projectos financiados, nas metacriações, nos dilúvios estatais, no altruísmo dos que vão pela causa. Omnipresente.

Foco a lente na pedagogia aproximada às práticas de intervenção. Foco a pedagogia no desenvolvimento social e comunitário.
Não raras vezes, nascem projectos elaborados sobre refinados dogmas, destinados a uma população, com um how-to fabricado nas nossas ideias. Muitas vezes, dedicados a grupos de jovens. Adequemo-nos, nós, profissionais. Sejamos parte do processo e do seu nascimento; não as figuras distantes que escolhem os parágrafos certos dos livros. Adequemos as práticas, sejamos as práticas, conheçamos as pessoas, contemplemos as fases de vida, estudemos a pedagogia.

Vamos mergulhar num setting: sistemas – contexto de risco – relações intergeracionais conflituosas – desemprego – pirâmide de Maslow asfixiada (passo a causalidade tão linear). Depois, pensamos num projecto de intervenção, desenvolvimento e formação para os desafios. Aplaudimos os conteúdos: emoções – pensamentos - comportamentos – vínculos – papéis – resolução de conflitos – partilha. Clap – clap.
Talvez tenhamos que ser também outras práticas. Naturalmente, aqui estamos nós a existir e junto a nós, os nossos desafios intelectuais e tácitos, no caminho que nos cativa para o que há além. Assim, no trabalho com práticas pedagógicas e formativas em contexto de risco, com preâmbulos comunitários, podemos nós ser a corda que dá o sopro ao salto.

Peguemos de novo nas emoções, pensamentos, comportamentos, vínculos, papéis, resolução de conflitos, partilha (clap-clap) e construamos uma pirâmide de prioridades pedagógicas. Não só com os conteúdos: com as pessoas do sistema que são o início dos modelos sociais. A pedagogia, em pirâmide, com a colaboração dos elementos que transmitem o modelo geracional, usando o que já fazem, o que já conhecem, o que já funciona.  
Acções começam na prática com a valorização do que já existe, no fermento de ser maior. Não regar a corrosão; ser justamente a película que protege as competências que já respiram e que polvilha a motivação no seu desenvolvimento.
Quero ser mais organizadora: há uma população; há diferentes sistemas; há diferentes selves. Histórias de vida, de relações, de desafios, de pontos fortes, de mudanças. Qualquer acção pedagógica e formativa será o novo embrião, nascido top-down. A realidade que veste as práticas e que reforça a importância prioritária de também formar adultos, que são modelos para outras gerações. Adultos que têm práticas e que em contexto de risco, nem sempre são o target escolhido. Estes, também interrompem os seus estádios com desafios temporalmente muito próximos e negligenciam a sua formação e a consolidação de competências funcionais. Estes, são o modelo dos filhos, dos netos. Dos que estão perto.
Neste sentido (que é semanticamente um, no humanismo de muitos) somos nós, profissionais, também responsáveis pela Modulagem das pessoas com as quais trabalhamos. E se Maslow tem uma Hierarquia de Necessidades, vejo Bandura com uma Hierarquia de Modulagem: usar a pedagogia como veículo para formar modelos para as gerações. Também esta prática é piramidal e todos, enquanto crianças, do topo da pirâmide viajamos até à base. À base enquantos adultos, que também formam, que educam, que são pedagogos nos seus sistemas.
Pensemos, quando escolhermos mudanças, que a prática é o primeiro espelho onde o desenvolvimento se consegue reflectir.

Ana Rita Caldeira

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